O que é a gordura trans?
Biscoito,
salgadinhos, sorvete e margarina são uma bomba de gordura trans. Fotos:
Alfredo Franco, Pedro Rubens e Luna Garcia/DEDOC
Desde
2006, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) obriga todos os
fabricantes a indicar no rótulo a quantidade de gordura trans presente nos
alimentos. Por outro lado, o Ministério da Saúde também tenta acabar com a
utilização dessa gordura, seguindo o exemplo de países como Suíça e a
Dinamarca, onde ela é proibida. A perseguição tem um bom motivo. Estudos
científicos comprovaram que essa gordura é extremamente prejudicial à saúde:
além de aumentar os níveis de colesterol ruim, o LDL, também diminui a taxa de
colesterol bom, o HDL. E isso significa elevar o risco de arteriosclerose,
infarto e acidente vascular cerebral.
A gordura trans é o nome dado à gordura
vegetal que passa por um processo de hidrogenação natural ou
industrial. "Algumas carnes e o leite já têm essa gordura, mas em
pequena quantidade. O que preocupa mesmo são as gorduras usada pela
indústria", explica Samantha Caesar de Andrade, nutricionista do Centro de
Saúde Escola Geraldo Horácio de Paula Souza, da Faculdade de Saúde Pública da
USP. A gordura vegetal hidrogenada faz parte do grupo das gorduras trans e é a
mais encontrada em alimentos. Ela começou a ser usada em larga escala a partir
dos anos 1950, como alternativa à gordura de origem animal, conhecida como
gordura saturada. Acreditava-se que, por ser de origem vegetal, a gordura trans
ofereceria menos riscos à saúde. Mas estudos posteriores descobriram que ela é
ainda pior que a gordura saturada, que também aumenta o colesterol total, mas
pelo menos não diminui os níveis de HDL no organismo. Em geral, as gorduras
vegetais, como o azeite e os óleos, são bons para a saúde. Porém, quando passam
pelo processo de hidrogenação ou são esquentadas, as moléculas são quebradas e
a cadeia se rearranja. Essa nova gordura é que vai fazer todo o estrago nas
artérias. Esse processo de hidrogenação serve para deixar a gordura mais
sólida. E é ela que vai fazer com que os alimentos fiquem saborosos, crocantes
e tenham maior durabilidade. O grande desafio atual da indústria é encontrar
uma alternativa mais saudável à gordura trans, sem que os alimentos percam suas
propriedades.
A gordura trans não é sintetizada pelo
organismo e, por isso, não deveria ser consumida nunca. Mas, como isso é quase
impossível, o Ministério da Saúde determinou que é aceitável consumir até 2g da
gordura por dia, o que equivale a quatro biscoitos recheados. Mesmo tendo isso
em mente, um dos grandes problemas para o consumidor é conseguir perceber com
clareza quanta gordura trans existe em cada alimento. "A Anvisa determinou
que, quando uma porção do alimento possuir até 0,2% da gordura, o rótulo pode
dizer que o produto não tem gordura trans, o que não é verdade", explica
Samantha Andrade. Ou seja, se a embalagem traz os valores referentes à porção
de dois biscoitos e esses contiverem 0,2g de gordura trans, o fabricante pode
afirmar que o produto é livre dela. Mas, na verdade, se uma pessoa comer 20
biscoitos terá consumido os 2g da gordura. "Por isso, o melhor jeito do
consumidor ter certeza do que está comprando é verificar a lista de
ingredientes para checar se não existe gordura vegetal hidrogenada na
composição do produto", ensina a nutricionista. Vale lembrar que os
alimentos que mais contêm gordura trans são bolachas, pipocas de microondas,
chocolates, sorvetes, salgadinhos e todos os alimentos que tem margarina na
composição.